RELATÓRIO DA
PESQUISA DA REALIDADE ESCOLAR FRENTE AO TEMA A SER PESQUISADO.
TEMA: O Coordenador pedagógico
e sua contribuição para a gestão democrática da escola a partir da articulação
do Projeto Político Pedagógico, nas escolas da rede estadual e municipal de
Solidão/PE.
Qual
seria a contribuição que o coordenador
pedagógico pode trazer para a melhoria da gestão democrática de escola, sendo ele um membro da equipe gestora
e um articulador do PPP entre todos
os seguimentos que a compõem?
Escrevi
esse poema para um momento de estudo e reformulação do PPP no início do ano
letivo na escola. Ele foi pensado para que, realizado o trabalho de revisitação
do PPP, fizéssemos uma reflexão sobre até onde vai nossa autonomia no espaço
escolar.
É muita contradição!
É muita
contradição
Os
dirigentes pensarem
Que com
práticas de controle
Vão a
todos educarem
E formarem
cidadão
Pela
perpetuação
Deste
sistema senil
Falam bem
do PPP
E na hora
do vamos ver
Valorizam
outro perfil!
O PPP nos
exige
Muita
flexibilidade
Mas estamos
engessados
Nessa
racionalidade
Que a
nossa inovação
Anda pela
contramão
De uma
gestão regulatória
Que não
respeita a mudança
E mata a
esperança
Que
alimenta nossa história!
O que
fazer nesse jogo
Em que o
poder só vence?
E sempre
fica de fora
Quem diferente
ainda pense?
-Pagar o
preço que for
Mas não
perder o valor
Que é tudo
que ainda temos
Não
adianta o patrão
Com essa
concepção
Nos (im)
pedir que inovemos!
O
texto acima nos faz pensar sobre até que ponto nossas escolas são realmente
autônomas e democráticas. Sabemos que, na rede estadual de Pernambuco os
dirigentes das escolas foram escolhidos por uma eleição direta na qual alunos,
pais e funcionários votam para eleger seu representante para ser o gestor ou
administrador da escola. Sabemos que o conceito de gestão no campo educacional
se confunde com o de administração e engloba a flexibilidade necessária para
alcançar os objetivos de acordo com as necessidades do processo educativo.
O
problema é que ultimamente essas eleições de diretores têm sido prorrogadas e
muitos deles estão por até mais de doze anos na gestão, como é o caso da escola
em que trabalho.
Sendo
assim, para garantir que o mínimo de autonomia se estabeleça, surge a
necessidade de que os órgãos colegiados estejam funcionando a pleno vapor. Na
escola em que atuo o Conselho Escolar e o Conselho da UEX estão tendo papel
fundamental para o andamento das ações pedagógicas e financeiras.
É notório que para que uma gestão mereça o adjetivo
democrático ela deve manter o princípio da participação ativa de todos os
sujeitos como primordial na tomada de decisão e na divisão do poder.
Assim, diretores, coordenadores, professores, pais, alunos e etc, são
responsáveis pela conquista progressiva da autonomia escolar numa divisão de
poder e responsabilidade sobre o planejamento e execução das ações.
Com
essa percepção da escola como espaço de participação surge a necessidade da
implementação do projeto político pedagógico da escola (PPP) e o conselho
escolar. São esses instrumentos que vão oportunizar a construção de
progressivos graus de autonomia pela escola.
Tenho
muito apreço pelo PPP da escola e , sempre que posso estou revendo, lendo,
expondo nas reuniões de pais e fiz até um painel com as ações para a sala dos
professores de modo que cada um saiba sua responsabilidade, já que a
elaboração, bem como a revisão (semestral com toda a escola) envolve a todos e
a cada um em especial.
O que
me deixa um pouco descrente de que esse trabalho pode dar certo é o fato de que
muitos professores não valorizam esse momento e acham que é perca de tempo
rever semestralmente o PPP escolar, mas nesse ponto eu sou enérgica: todos vão
participar.
Quem
dera autonomia da escola fosse apenas resultado do PPP e do Conselho Escolar.
Na prática, percebemos que cada vez mais se limita o espaço que os atores
sociais têm para tomar as decisões uma vez que a escola faz parte de um sistema
de ensino que tem suas políticas próprias e que restringe a atuação e o poder
de decidir da instituição é onde surge a contradição que o poema expressa:
trata-se de uma autonomia, até certo ponto, vigiada.
Por isso, planejar na escola
é uma atividade que exige a articulação de todos os atores sociais a partir de
uma proposta de trabalho comum: o Projeto Político Pedagógico. Nesse processo
de construção de diálogo entre os vários agentes na escola o PPP visa evitar a
fragmentação, favorecendo o diálogo e a interação, dando coerência ao processo
educativo.
Como na escola em que
trabalho sou a responsável por fazer a articulação entre o PPP e os demais
planos de ensino e projetos que serão vivenciados percebo a necessidade de
estarmos constantemente revisitando o PPP para podermos afinar a nossa prática
pedagógica.
Para tanto, começamos pela
elaboração desse importante instrumento. O PPP em nossa escola foi e continua
sendo elaborado pela equipe escolar: professores, equipe administrativa,
técnica educacional, gestão escolar, bem como os representantes do conselho
escolar que são os mesmos que foram
citados anteriormente. Além desses, os pais dão sua contribuição e os
estudantes também, por meio das reuniões em que o que foi produzido com o grupo
supracitado é colocado para apreciação e análise podendo ser modificado tendo
em vista o fim último que é a organização e articulação das ações educativas,
otimizando o tempo e o espaço pedagógico
para garantir aprendizagem do estudantes e a sua formação cidadã.
Nosso
PPP é composto por apresentação, justificativa, dados da escola, histórico
escolar, objetivo geral, objetivo específicos, visão estratégica e marco conceitual (o qual apresenta as
concepções de homem, de sociedade, de educação, de escola; bem como as
concepções pedagógicas, expondo a função social da escola, as concepções de
ensino e aprendizagem e a importância do planejamento).
Em seguida, o mesmo apresenta o marco operacional contendo as
atribuições de cada ator social que atua na escola: ação da equipe de gestão
escolar, atuação das equipes técnico-pedagógicas, do corpo docente, atuação da
secretaria escolar, dos serviços gerais e de apoio administrativo, do Conselho
Escolar, as normas de convivência da comunidade escolar, caracterização do
corpo discente.
Na
sequência são expostos os planos de ação de acordo com as dimensões:
pedagógica. Administrativa, financeira e jurídica. Esses planos de ação são as
intervenções que pretendemos realizar para garantir que os marcos conceitual e
operacional possam construir uma escola que tenha a nossa visão estratégica.
Outro
ponto descrito no PPP e suma importância são os projetos interdisciplinares que
são realizados pela escola. A saber: Projeto Bullying, Projeto Diga não às
Drogas, Projeto de Meio Ambiente - Protegendo a vida e Projeto áfrica em Nós.
São
ainda apresentados os critérios de avaliação do próprio projeto, a conclusão e
a bibliografia.
Como
todo planejamento escolar o PPP requer a reflexão e ação coletivas. Não basta
ter um bom projeto é preciso executá-lo bem, de forma articulada. Essa é a
maior dificuldade de nossa escola, pois existe certa rotatividade de
professores e nem sempre quem elabora é quem vivencia as ações propostas e ,
quando alguém se compromete e vai embora, até conseguir novas parcerias, as
ações ficam a cargo do coordenador ou da gestão escolar, até que alguém com
perfil adequado que se candidate para realizar a ação proposta venha integrar a
equipe.
Tenho
observado, em nossos momentos de refacção do PPP, que alguns membros da equipe
escolar não dão a devida importância a esse documento, mesmo diante de tantos
discursos que incentivam e valorizam a utilização do mesmo como uma bússola a
guiar os caminhos pedagógicos da escola.
No
ano de 2010 tive a oportunidade de atuar como diretora de ensino na rede
municipal de Solidão e acompanhei alguns momentos de refacção do PPP de algumas
escolas. Inicialmente, fizemos uma adaptação porque o PPP de algumas não
continham a estrutura necessária mas, pude perceber que o que acontece na rede
estadual se repete com as escolas da rede municipal: nem todos compreendem a
importância desse processo para gestão democrática escolar e, assim, gostaria
de pesquisar esse tema nas duas redes, especialmente nas escolas da sede:Nossa
Senhora de Lourdes ( rede estadual) e José Gonçalves do Nascimento( rede
municipal) e aprofundar qual a contribuição que o coordenador pedagógico agrega
a esse processo.
GESTÃO E COORDENAÇÃO UMA UNIÃO PERFEITA
ResponderExcluirA gestão democrática escolar tem sua origem nos anos 70 e 80, quando o estado descentralizou seu poder. É importante que esta gestão ocorra, para que os elementos envolvidos sintam-se parte dos processos decisórios e soluções de problemas, exercendo a democracia em busca do benefício coletivo. O coordenador pedagógico tem papel fundamental neste tipo de gestão, não devendo ser chefe nem autoridade, mas um líder articulador, que harmoniza as relações entre escola, aluno, professor, diretor, comunidade, pais e demais envolvidos, prezando sempre pela proposta pedagógica decidida pela equipe e pela qualificação do processo ensino aprendizagem.
A importância de quebrar paradigmas sobre a figura e a necessidade da presença desse profissional que foi durante anos estigmatizado historicamente pelo conservadorismo do ensino tradicional onde tinha o coordenador como um detentor das decisões e do gerenciamento do processo pedagógico na escola , e mostrar que no mundo de constantes transformações não cabe mais uma gestão sem a participação de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem,onde deve haver uma integração entre professores,alunos, pais e comunidade valorizando as trocas de experiências e propondo uma gestão participativa e completamente democrática.