quinta-feira, 3 de maio de 2012


RELATÓRIO DA PESQUISA DA REALIDADE ESCOLAR FRENTE AO TEMA A SER PESQUISADO.


TEMA: O Coordenador pedagógico e sua contribuição para a gestão democrática da escola a partir da articulação do Projeto Político Pedagógico, nas escolas da rede estadual e municipal de Solidão/PE.


Qual seria a contribuição que o coordenador pedagógico pode trazer para a melhoria da gestão democrática de escola, sendo ele um membro da equipe gestora e um articulador do PPP entre todos os seguimentos que a compõem?
Escrevi esse poema para um momento de estudo e reformulação do PPP no início do ano letivo na escola. Ele foi pensado para que, realizado o trabalho de revisitação do PPP, fizéssemos uma reflexão sobre até onde vai nossa autonomia no espaço escolar.


É muita contradição!
É muita contradição
Os dirigentes pensarem
Que com práticas de controle
Vão a todos educarem
E formarem cidadão
Pela perpetuação
Deste sistema senil
Falam bem do PPP
E na hora do vamos ver
Valorizam outro perfil!



O PPP nos exige
Muita flexibilidade
Mas estamos engessados
Nessa racionalidade
Que a nossa inovação
Anda pela contramão
De uma gestão regulatória
Que não respeita a mudança
E mata a esperança
Que alimenta nossa história!



O que fazer nesse jogo
Em que o poder só vence?
E sempre fica de fora
Quem diferente ainda pense?
-Pagar o preço que for
Mas não perder o valor
Que é tudo que ainda temos
Não adianta o patrão
Com essa concepção
Nos (im) pedir que inovemos! 

O texto acima nos faz pensar sobre até que ponto nossas escolas são realmente autônomas e democráticas. Sabemos que, na rede estadual de Pernambuco os dirigentes das escolas foram escolhidos por uma eleição direta na qual alunos, pais e funcionários votam para eleger seu representante para ser o gestor ou administrador da escola. Sabemos que o conceito de gestão no campo educacional se confunde com o de administração e engloba a flexibilidade necessária para alcançar os objetivos de acordo com as necessidades do processo educativo.
O problema é que ultimamente essas eleições de diretores têm sido prorrogadas e muitos deles estão por até mais de doze anos na gestão, como é o caso da escola em que trabalho.
Sendo assim, para garantir que o mínimo de autonomia se estabeleça, surge a necessidade de que os órgãos colegiados estejam funcionando a pleno vapor. Na escola em que atuo o Conselho Escolar e o Conselho da UEX estão tendo papel fundamental para o andamento das ações pedagógicas e financeiras.
É notório que para que uma gestão mereça o adjetivo democrático ela deve manter o princípio da participação ativa de todos os sujeitos como primordial na tomada de decisão e na divisão do poder.
Assim, diretores, coordenadores, professores, pais, alunos e etc, são responsáveis pela conquista progressiva da autonomia escolar numa divisão de poder e responsabilidade sobre o planejamento e execução das ações.

Com essa percepção da escola como espaço de participação surge a necessidade da implementação do projeto político pedagógico da escola (PPP) e o conselho escolar. São esses instrumentos que vão oportunizar a construção de progressivos graus de autonomia pela escola.

Tenho muito apreço pelo PPP da escola e , sempre que posso estou revendo, lendo, expondo nas reuniões de pais e fiz até um painel com as ações para a sala dos professores de modo que cada um saiba sua responsabilidade, já que a elaboração, bem como a revisão (semestral com toda a escola) envolve a todos e a cada um em especial.

O que me deixa um pouco descrente de que esse trabalho pode dar certo é o fato de que muitos professores não valorizam esse momento e acham que é perca de tempo rever semestralmente o PPP escolar, mas nesse ponto eu sou enérgica: todos vão participar.

Quem dera autonomia da escola fosse apenas resultado do PPP e do Conselho Escolar. Na prática, percebemos que cada vez mais se limita o espaço que os atores sociais têm para tomar as decisões uma vez que a escola faz parte de um sistema de ensino que tem suas políticas próprias e que restringe a atuação e o poder de decidir da instituição é onde surge a contradição que o poema expressa: trata-se de uma autonomia, até certo ponto, vigiada.
Por isso, planejar na escola é uma atividade que exige a articulação de todos os atores sociais a partir de uma proposta de trabalho comum: o Projeto Político Pedagógico. Nesse processo de construção de diálogo entre os vários agentes na escola o PPP visa evitar a fragmentação, favorecendo o diálogo e a interação, dando coerência ao processo educativo.
Como na escola em que trabalho sou a responsável por fazer a articulação entre o PPP e os demais planos de ensino e projetos que serão vivenciados percebo a necessidade de estarmos constantemente revisitando o PPP para podermos afinar a nossa prática pedagógica.
Para tanto, começamos pela elaboração desse importante instrumento. O PPP em nossa escola foi e continua sendo elaborado pela equipe escolar: professores, equipe administrativa, técnica educacional, gestão escolar, bem como os representantes do conselho escolar que são os mesmos que foram  citados anteriormente. Além desses, os pais dão sua contribuição e os estudantes também, por meio das reuniões em que o que foi produzido com o grupo supracitado é colocado para apreciação e análise podendo ser modificado tendo em vista o fim último que é a organização e articulação das ações educativas, otimizando  o tempo e o espaço pedagógico para garantir aprendizagem do estudantes e a sua formação cidadã.
Nosso PPP é composto por apresentação, justificativa, dados da escola, histórico escolar, objetivo geral, objetivo específicos, visão estratégica e marco conceitual (o qual apresenta as concepções de homem, de sociedade, de educação, de escola; bem como as concepções pedagógicas, expondo a função social da escola, as concepções de ensino e aprendizagem e a importância do planejamento).
 Em seguida, o mesmo apresenta o marco operacional contendo as atribuições de cada ator social que atua na escola: ação da equipe de gestão escolar, atuação das equipes técnico-pedagógicas, do corpo docente, atuação da secretaria escolar, dos serviços gerais e de apoio administrativo, do Conselho Escolar, as normas de convivência da comunidade escolar, caracterização do corpo discente.
Na sequência são expostos os planos de ação de acordo com as dimensões: pedagógica. Administrativa, financeira e jurídica. Esses planos de ação são as intervenções que pretendemos realizar para garantir que os marcos conceitual e operacional possam construir uma escola que tenha a nossa visão estratégica.
Outro ponto descrito no PPP e suma importância são os projetos interdisciplinares que são realizados pela escola. A saber: Projeto Bullying, Projeto Diga não às Drogas, Projeto de Meio Ambiente - Protegendo a vida e Projeto áfrica em Nós.
São ainda apresentados os critérios de avaliação do próprio projeto, a conclusão e a bibliografia.
Como todo planejamento escolar o PPP requer a reflexão e ação coletivas. Não basta ter um bom projeto é preciso executá-lo bem, de forma articulada. Essa é a maior dificuldade de nossa escola, pois existe certa rotatividade de professores e nem sempre quem elabora é quem vivencia as ações propostas e , quando alguém se compromete e vai embora, até conseguir novas parcerias, as ações ficam a cargo do coordenador ou da gestão escolar, até que alguém com perfil adequado que se candidate para realizar a ação proposta venha integrar a equipe.
Tenho observado, em nossos momentos de refacção do PPP, que alguns membros da equipe escolar não dão a devida importância a esse documento, mesmo diante de tantos discursos que incentivam e valorizam a utilização do mesmo como uma bússola a guiar os caminhos pedagógicos da escola.
No ano de 2010 tive a oportunidade de atuar como diretora de ensino na rede municipal de Solidão e acompanhei alguns momentos de refacção do PPP de algumas escolas. Inicialmente, fizemos uma adaptação porque o PPP de algumas não continham a estrutura necessária mas, pude perceber que o que acontece na rede estadual se repete com as escolas da rede municipal: nem todos compreendem a importância desse processo para gestão democrática escolar e, assim, gostaria de pesquisar esse tema nas duas redes, especialmente nas escolas da sede:Nossa Senhora de Lourdes ( rede estadual) e José Gonçalves do Nascimento( rede municipal) e aprofundar qual a contribuição que o coordenador pedagógico agrega a esse processo.

Um comentário:

  1. GESTÃO E COORDENAÇÃO UMA UNIÃO PERFEITA
    A gestão democrática escolar tem sua origem nos anos 70 e 80, quando o estado descentralizou seu poder. É importante que esta gestão ocorra, para que os elementos envolvidos sintam-se parte dos processos decisórios e soluções de problemas, exercendo a democracia em busca do benefício coletivo. O coordenador pedagógico tem papel fundamental neste tipo de gestão, não devendo ser chefe nem autoridade, mas um líder articulador, que harmoniza as relações entre escola, aluno, professor, diretor, comunidade, pais e demais envolvidos, prezando sempre pela proposta pedagógica decidida pela equipe e pela qualificação do processo ensino aprendizagem.
    A importância de quebrar paradigmas sobre a figura e a necessidade da presença desse profissional que foi durante anos estigmatizado historicamente pelo conservadorismo do ensino tradicional onde tinha o coordenador como um detentor das decisões e do gerenciamento do processo pedagógico na escola , e mostrar que no mundo de constantes transformações não cabe mais uma gestão sem a participação de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem,onde deve haver uma integração entre professores,alunos, pais e comunidade valorizando as trocas de experiências e propondo uma gestão participativa e completamente democrática.

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